sábado, 17 de fevereiro de 2024

Colina das Cruzes: histórias, lendas e curiosidades


Parece cena de filme de terror, mas esse lugar de aparência tenebrosa pode ser de fato encontrado ao norte da Lituânia. A atmosfera sinistra é apenas a cereja do bolo da Colina das Cruzes, que se tornou destino de peregrinação, de lendas e de fantasmas. Um papa inclusive já visitou esse local, sabia?
Com histórias de tragédia, morte, esperança e redenção, descubra porque a Colina das Cruzes é tão fascinante e sagrada.
Situado a cerca de 12 quilômetros da cidade de Siauliai, no norte da Lituânia, a Colina das Cruzes é um misterioso lugar de peregrinação.
A cidade foi fundada no início dos anos 1200 e já foi ocupada por Cavaleiros Teutônicos e Livônios.
Ninguém sabe ao certo quando começou o hábito de deixar cruzes no local. Alguns acreditam que as primeiras cruzes foram colocadas na colina de Domantai na revolta de 1831, durante guerra dos polacos contra o domínio russo.
Várias gerações deixaram no local cruzes, crucifixos, estátuas da Virgem Maria, esculturas de patriotas lituanos, imagens e rosários. Embora os lituanos tivessem ali deixado algumas cruzes ao longo de algumas décadas, um número impressionante delas começou a chegar em 1863. As autoridades czaristas tomaram uma atitude e baniram esses artefatos em estradas e cemitérios.
Durante o regime soviético, as cruzes foram novamente proibidas, mas ainda assim mais mais crucifixos apareceram na colina. Durante a noite de 5 de abril de 1961, as cruzes foram demolidas e esmagadas antes de serem retiradas da colina. Ao longo dos anos, o lugar foi alvo de outros ataques.
Cerca de 30 anos após a queda da União Soviética, as cruzes não só continuam no local como vêm se multiplicando. Os romeiros sempre apareceram para reconstruir o local sagrado. Segundo o Lithuania Travel, "quanto mais o lugar era destruído, mais os peregrinos o reerguiam com vigor". Os lituanos continuaram levando suas cruzes até ao local, que se tornou um símbolo de fé inabalável, de sofrimento e de esperança.
De acordo com algumas lendas, existia uma igreja no topo da colina. No entanto, uma poderosa tempestade fez com que o templo de fé viesse abaixo, enterrado pela terra e pedras, inclusive com pessoas dentro.
Moradores da região costumam dizer que durante o nascer do sol, na parte inferior da colina, é possível ver uma procissão de monges fantasmas. Ao longo de várias gerações, as pessoas já deram depoimentos de visões de santos e fantasmas, contribuindo ainda mais para a reputação de lugar assustador.
Ao longo de várias gerações, as pessoas já deram depoimentos de visões de santos e fantasmas, contribuindo ainda mais para a reputação de lugar assustador.
Outra história conta que, durante os anos de 1300, existia um castelo de madeira na colina, que era habitado por barões pagãos da região da Samogícia. O castelo foi destruído pelos guerreiros e monges alemães que pretendiam cristianizar o local.
Os samogicianos que sobreviveram à tragédia empilharam os corpos dos conterrâneos e enterraram-nos, criando assim um monte.
Por isso, fantasmas de monges e pagãos ainda assombrariam o local.
Talvez a lenda mais popular sobre a Colina das Cruzes seja sobre um pai desesperado que tinha uma filha que estava gravemente doente. Quando a filha estava à beira da morte, o pai teve uma visão de uma mulher lhe dizendo que se ele fizesse uma cruz de madeira e a colocasse numa colina próxima, ela ficaria curada.
Quando o homem voltou até a casa, depois de colocar a cruz na colina, foi recebido pela filha, que já estava saudável.Inspiradas pelas histórias, várias pessoas passaram a deixar cruzes na colina com a esperança de que as suas preces fossem ouvidas.
Os monges franciscanos locais e o município de Siauliai fazem uma manutenção mínima do local. Atualmente, encontram-se mais de 100 mil crucifixos e outras imagens religiosas na colina.
A Colina das Cruzes ganhou visibilidade internacional quando o Papa João Paulo II a visitou em 1993. O Papa João Paulo II celebrou uma missa na Colina das Cruzes, quando rezou pelos mártires da fé na Lituânia e no restante Europa. Após a visita da autoridade máxima da Igreja Católica, foi construído um mosteiro franciscano perto da colina.
A fabricação de cruzes é um dos ofícios mais tradicionais da Lituânia. Por conta da história do lugar, a arte da confecção de cruzes é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO. Esta tradição está de tal forma enraizada na sociedade da Lituânia que, mesmo durante o regime soviético, não foi interrompida, como escrito antes.
Uma vez que a colina não pertence a nenhuma jurisdição, as pessoas podem construir as cruzes e colocá-las no local da forma que acharem melhor.

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