sábado, 29 de junho de 2024

Quem eram os samurais?

Samurais são um dos tipos mais populares e conhecidos de guerreiros da história. Incontáveis livros, filmes e séries foram feitos com base nas centenas de histórias que giram em torno dos antigos combatentes do Japão. Apesar de muita gente conhecer o código de honra samurai, as espadas e a armadura, tinha muito mais coisa acontecendo dentro desta classe guerreira que serviu como protetora do Japão por mais de 600 anos.
Um samurai era apenas um verdadeiro samurai quando estava sob o emprego de um mestre. Se o mestre de um samurai morresse ou fosse desligado do guerreiro, o samurai perdia seu status social e tinha a opção de se juntar às pessoas comuns ou vagar por conta própria. Aqueles que escolhiam o segundo caminho eram conhecidos como ronin. Apesar de filmes populares, romances e quadrinhos terem romantizado o termo, o verdadeiro ronin era muito mais parecido com um sem-teto do que com viajantes nobres.
Em vídeos de espadachins modernos testando a eficácia de uma nova espada, geralmente eles são vistos cortando pilares de bambu ou coisa do tipo. Mas não era assim que faziam durante a era dos samurais. Os samurais comumente testavam seus novos brinquedos em corpos ou, às vezes, até mesmo em criminosos presos. Essa prática era chamada de tameshigiri, que se traduz em "teste de corte".
Um samurai sempre carregava um par de espadas, conhecido como o daisho. Os samurais eram a única classe no Japão que podiam carregar um par desses. A menor espada do par, chamada wakizashi, tinha seu uso reservado para duas coisas: decapitar inimigos superados em batalha e cometer seppuku, o ato de tirar a própria vida.
Apesar da maioria das pessoas achar que os samurais eram um grande grupo constituído por homens lutadores, havia também uma ordem chamada onna-bugeisha, formada inteiramente por mulheres guerreiras. As onna-bugeisha eram tão temidas e respeitadas quanto seus equivalentes masculinos. Mas em vez de carregarem duas espadas como os samurais, as onna-bugeisha optavam pela naginata, que era uma lâmina mais curta na extremidade de um braço longo. O grupo foi criado mais ou menos em 200 d.C.
O senso comum sobre os samurais acredita que eles empunhavam espadas, lanças ou talvez machados, mas armas de fogo raramente são associadas a esses antigos guerreiros. Acontece, no entanto, que os rifles se tornaram um pilar do arsenal de qualquer samurai a partir do momento que as armas foram introduzidas no Japão no século XVI.
Cerimônias de chá eram um assunto muito sério nos círculos dos samurais. Conhecidas como chanoyu, as cerimônias de chá eram comumente praticadas depois que samurais retornavam de uma longa viagem ou de uma batalha dura. Para os samurais, a aptidão mental e espiritual andava de mãos dadas com a parte física e cerimônias de chá eram feitas como forma de criar um espaço de rejuvenescimento para os guerreiros cansados.
Além dos samurais havia outro grupo de guerreiros conhecidos como sohei. Um sohei ocupava uma classe social própria e não respondia a ninguém, nem mesmo ao imperador. Os sohei eram monges guerreiros encarregados de agir como moderadores (violentos ou não) entre as duas seitas do budismo que estavam se desenvolvendo no século X.
A paz generalizada no Japão significou maus negócios para a classe samurai. Quando a luta cessou durante o período Tokugawa, alguns samurais expressaram sua energia reprimida de maneiras interessantes. Um grupo que ficou conhecido como o kabukimono, que se traduz mais ou menos como "loucos", tinha o hábito de se apresentar de maneiras não convencionais e às vezes controversas. Eles até mesmo usavam maquiagem de gueixa, quimonos curtos e cores não tradicionais.
À medida que os samurais se tornavam cada vez mais obsoletos, alguns dos kabukimono se organizaram em gangues de rua. Muita gente acredita que os kabukimono foram os antecessores das gangues yakuza modernas. Outra gangue de rua ex-samurai que se desenvolveu durante o mesmo período foram os kyokaku, ou "cavaleiros da rua". Mas eles mantinham mais o código moral do que o kabukimono, e geralmente protegiam o povo de outras gangues. Os kyokaku eram facilmente reconhecidos pelas espadas extra-longas que carregavam.
Uma das práticas mais sombrias dos antigos samurais era conhecida como tsujigiri, que se traduz aproximadamente em "matança na estrada". Como o próprio nome dá a entender, tsujigiri era uma prática feita por samurais que se esgueiravam entre civis inocentes na estrada para matar a primeira pessoa que passasse por eles - sem motivo. Alguns historiadores acreditam que essa prática tinha raízes antigas e honrosas, mas tudo que foi documentado sobre a prática nos leva a pensar que o tsujigiri geralmente era feito apenas por diversão.
Embora seppuku seja um conceito bastante comum e conhecido, a prática similar de tirar a própria vida conhecida como jigai não é tão familiar. Jigai era outra forma de autodestruição honrosa, mas era um ato reservado apenas para as esposas dos samurais. Jigai exigia que a mulher cortasse a própria garganta (em vez da barriga, como é o caso de seppuku) e geralmente era praticada apenas em conjunto com o parceiro samurai.
Embora houvesse algumas tradições bárbaras praticadas entre os samurais, eles estavam à frente de seu tempo de outras maneiras. E a aceitação generalizada da homossexualidade era uma dessas coisas.
Era comum que aprendizes tivessem relações íntimas com seus mestres. Um livro do período Edo chamado 'O Grande Espelho do Amor Masculino' documenta muitas dessas relações.
Pode ser uma surpresa para muita gente saber que ser japonês não era um requisito para se tornar um samurai. Há evidências da existência de um samurai africano chamado Yasuke (foto meramente ilustrativa) no final de 1500. Documentos da época dizem que Yasuke chegou ao Japão em 1579. A documentação é irregular, mas sabemos que Yasuke se tornou um samurai e foi empregado por Oda Nabunaga (foto), um influente senhor feudal da época, e que ele serviu a Nabunaga até sua morte.
Outra coisa que vai contra o arquétipo típico de um samurai é o fato de que a maioria deles eram indivíduos baixos e robustos. Outros guerreiros do mundo naquela época, como os cavaleiros ingleses, eram altos e tinham uma estatura média de mais de 182 cm, mas o samurai médio não era tão grande assim, não. Estudos mostraram que o samurai médio tinha pouco mais de 160 cm de altura. Os 18 kg de armadura que usavam certamente compensavam sua baixa estatura. 

sábado, 22 de junho de 2024

Mardi Gras

Gambit (personagem mutante, do grupo X-Men, da Marvel) é constantemente chamado de cajun. Cajuns são os descendentes dos acadianos, colonizadores franceses expulsos do Canadá após a Guerra dos Sete Anos que se fixaram na Louisiana, uma antiga colônia francesa que atualmente é um estado ao sul dos EUA. Uma das cidades deste estado é Nova Orleans, famosa pelo seu... Carnaval. O carnaval, nos EUA, inclusive, parece que se resume a Louisiana e é chamada de Mardi Gras.
Mardi Gras significa Terça Gorda em francês é o dia que antecede a Quarta-feira de Cinzas e o início da Quaresma - assim como o nosso Carnaval funciona no Brasil.
E Wolverine e Fera demonstraram gostar muito do Mardi Gras em uma aventura, cujo centro era o Gambit, que envolvia a liga dos ladrões e a ligação dos Assassinos, além de sua ex noiva, Belladonna.

sábado, 15 de junho de 2024

O pugilismo grego

O pugilismo grego antigo, conhecido como pygmachia, era um esporte de combate proeminente na Grécia antiga, apresentado nos Jogos Olímpicos já em 688 a.C.
O esporte envolvia dois lutadores, geralmente com os punhos nus ou com tiras de couro chamadas himantes enroladas em suas mãos para proteger seus nós dos dedos e infligir mais dano ao oponente.
O objetivo era nocautear o oponente ou fazê-lo se submeter, e as lutas não tinham limite de tempo definido, continuando até que um lutador não pudesse continuar.
Pygmachia era um teste de força e resistência, enfatizando golpes habilidosos e manobras defensivas, tornando-se uma disciplina respeitada e rigorosa na cultura atlética grega.
O boxe moderno compartilha muitas semelhanças com o pugilismo grego antigo, refletindo sua evolução enquanto mantém elementos centrais dos esportes de combate.
Ambos os esportes priorizam técnicas de golpe, focando em socos para superar e incapacitar o oponente.
Eles também compartilham o objetivo fundamental de vencer por nocautes ou pontos, embora o boxe contemporâneo tenha regras mais estruturadas, classes de peso e medidas de segurança, como luvas acolchoadas e rounds cronometrados. 
Apesar dessas diferenças, a essência de ambos os esportes está em suas demandas estratégicas, físicas e mentais, ilustrando uma tradição contínua de competição pugilística desde a antiguidade até os dias atuais. 

sábado, 8 de junho de 2024

O nome da América antes da colonização.

Antes da chegada dos colonizadores, o continente que hoje conhecemos como América era chamado Abya Yala, que significa ‘terra madura, viva, em florescimento’. Este era o nome dado pelos guna, um povo originário da Colômbia e do Panamá. Ao longo de sua história, os guna usaram diferentes nomes para se referir ao seu território: Kualagum Yala, Tagargun Yala, Tinya Yala e finalmente Abya Yala, que coincidiu com a chegada dos espanhóis. Hoje em dia, muitos povos indígenas preferem usar Abya Yala como nome oficial do continente, em contraste com o nome estrangeiro América, que deriva do explorador italiano do século XVI, Amerigo Vespucci (Américo Vespucci).

sábado, 1 de junho de 2024

Emishi: os bárbaros japoneses

Além dos ainu, outro grupo de indígenas, se podemos chamar assim no Japão, eram os emishis. Os bárbaros japoneses, como ficaram denominados pelos ditos civilizados influenciados pelos europeus. Notem aqui a interferência do imperialismo nas comunidades asiáticas.
Podemos notar que no filme A Princesa Mononoke (Mononoke Hime) do Estúdio Ghibli, o jovem Ashitaka, que é o príncipe da tribo indígena Emishi. 
Os emishi, assim como os yamato e os ainu era um grupo étnico no Japão. Eles habitavam na região norte, Michinoku. Eram descritos como barbudos, peludos e tatuados. Por isso, e outras coisas, tratados como bárbaros selvagens pelos japoneses do império. Seu modo de vida era seminômade. Ou seja, era baseada na caça, coleta e agricultura familiar. Mudavam o locai de suas cabanas de acordo com as estações do ano.
O seu destaque vai para as habilidades e estratégias de combate. Sendo exímios guerreiros no combate, em especial no arco e flecha montados a cavalo. A tática consistia em atacar, para derrubar os inimigos, e assim, fugir rapidamente. 
O império japonês deve muita dificuldade para derrotar os ditos bárbaros. Assim como os romanos tiveram que lidar com muitos percalços com os germânicos e hunos. Mas quando finalmente os soldados japoneses derrotaram os emishis, esses guerreiros selvagens se dividiram. A maioria se aliou ao império, como aconteceu com muitos povos na Roma antiga, integrando a classe guerreira também. Já a outra parte migrou para Hokkaido. E eles tiveram dividir espaço com outros grupos étnicos. O que causaria conflitos.
No filme da Ghibli, Mononoke Hime (ou em tradução livre, A Princesa Lobo) mesmo não trabalhando tanto na história dessa tribo, eles foram bem fiéis a história desse povo. Já que ela é apenas uma das diversas culturas que compõem a cultura japonesa, até os dias de hoje.