sábado, 27 de janeiro de 2024

Quem são os yanomamis?

Os yanomamis vivem em cerca de 300 aldeias dos dois lados da fronteira Brasil-Venezuela.
Em 2011 a população yanomami dos dois países era estimada em torno de 35.000 indíviduos. A família linguística yanomami é composta por seis línguas:

yanomami, sonoma, ninam, yanomam, yaroame, yãnoma

Elas não tem parentesco evidentes com línguas vizinhas e tudo indica que se desenvolveram em relativo isolamento, muitos séculos atrás.
O nome do grupo vem da expressão yanõmami thepe, que se pode traduzir como "seres humanos".
Outras categoria de sua cosmovisão são yarope ("animais de caça"), yai thepe ("seres invisíveis" ou "sem nome") e napepe ("estrangeiro", "inimigo", "branco").

Os yanomami têm uma estética rica e usam substâncias vegetais e penas de aves pra fazer trajes, pinturas corporais, armas e adornos. A criatividade e o espetáculo visual estão em toda parte na vida yanomami.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Sultanato das Mulheres: pouco comentado na história, mas não esquecido

O Sultanato das Mulheres foi o período de mais de um século em que as esposas, haseki, e mães, valide, dos sultões do Império Otomano exerceram extraordinária influência política em todas as esferas do poder, entre os anos de 1533 a 1656. Derrubando o mito orientalista da impotente e oprimida ‘’escrava do harém’’ ou ‘’escrava sexual’’, o sistema de educação do palácio imperial para mulheres cativas, cujo objetivo era produzir boas tutoras de príncipes e não jardins de prazer masculinos como por muito foi contado na historiografia ocidental, fazia destas damas de origem escravizada europeia em poucos anos se tornarem tão poderosas, ou até mais, no califado islâmico quanto um grão-vizir (primeiro ministro). Não só atuando nas tomadas de decisão política do Império, o século do sultanato feminino foi marcado pela construção de opulentas peças arquitetônicas por ordem destas sultanas, como também por obras de filantropia de caráter internacional (dos Bálcãs ao Saara, fontes públicas, madraças e mesquitas ainda hoje levam os nomes das sultanas que os construíram). Homens poderosos e favoritos de sultões encontraram seu fim por não agradarem as sultanas otomanas. Na política externa, elas buscavam favorecer diplomaticamente seus países de origem nas relações com o império: uma sultana de origem italiana intercederia no divã pelos interesses de Veneza, enquanto também decidiriam qual príncipe se tornaria o novo califa e maior sultão do mundo islâmico.
Mas embora esta fosse uma época em que as mulheres imperiais detinham um poder incrível, elas não viviam sem oponentes. Em 1582, um grão-vizir expressou abertamente sua raiva pela presença de uma sultana no conselho imperial. Em 1599, o grão-mufti queixou-se do envolvimento de uma outra nos assuntos do governo, especialmente em nomeações e demissões. Tal ressentimento de outros membros da corte, que se viam ameaçados pelas sultanas que influenciavam e até controlavam os sultões turcos onde eles não podia ir, em suas camas, era notório. Muitos embaixadores estrangeiros contemporâneos relataram que aqueles que desejassem fazer negócios com o Império Otomano precisavam abordar a mãe do sultão antes de qualquer outra pessoa. Cartas de sultanas em conversas com chefes de estado de outras potencias europeias também não eram raras.
Contudo, este estado de coisas na sociedade otomana não era um ‘’privilegio de mulheres da elite’’, pois fontes estrangeiras que falam da vida comum contam também sob o poder feminina na sociedade otomana geral. O missionário, antropólogo e orientalista luterano alemão enviado pelo imperador austríaco Rudolf II a corte do sultão otomano Murad III, Salomon Schweigger (autor da primeira tradução alemã do Alcorão), que viveu em Istambul entre 1578-1581 e viajou extensivamente pelo Oriente Médio otomano, em suas memorias escreveu as seguintes notas sobre alguns aspectos das famílias otomanas:
"Os turcos governam o mundo, e suas mulheres governam seus corações. Eles mal praticam a poligamia, e o divórcio é raramente visto em seus relacionamentos.''
"Enquanto o mundo inteiro treme diante do poder dos turcos, estes temem suas esposas. Na verdade, os turcos são servos de suas mulheres. Todas as necessidades da casa, trazer o pão, a carne e todas as outras coisas são responsabilidade do homem. E enquanto os homens tomam conta de tudo isso, as mulheres ficam conversando com as amigas em casa ou quando é apropriado, elas passeiam pela cidade para visitar outras amigas. Na maior parte do tempo, as mulheres se juntam e andam por ai em grupos de 10 ou 20, vão juntas ao banho público (hamam), onde ficam conversando e dançando para passar o tédio.''

Bibliografia:

-Asli Sancar (2007), ''Ottoman Women: Myth and Reality''
-İlhan Akşit. The Mystery of the Ottoman Harem. Akşit Kültür Turizm Yayınları.
-Leslie P. Peirce. The Imperial Harem: Women and Sovereignty in the Ottoman Empire. Oxford University Press (1993)


sábado, 13 de janeiro de 2024

A misteriosa adaga do faraó Tutancâmon

As fotos capturadas pelo egiptólogo impressionam, a máscara funerária dourada, o sarcófago de quartzito, o caixão dourado, a cena do Amduat retratada nas paredes da câmara funerária e principalmente, uma peculiar adaga de ferro que acompanhava a múmia.
E com razão.
É provavelmente um dos seus maiores mistérios.
Uma adaga de ferro? Exatamente. À primeira vista, pode não parecer tão impressionante quanto a máscara mortuária de Tutancâmon, mas a adaga que acompanhava sua múmia tem fascinado os egiptólogos por quase um século. Durante suas investigações nos anos 20, Carter encontrou duas adagas entre as bandagens do faraó adolescente mumificado há mais de 3.300 anos.
Uma tinha lâmina de ouro. A outra, de ferro, com uma alça de ouro, um botão de cristal de rocha e uma bainha dourada cuidadosamente esculpida com figuras de lírios e chacais. Dentre as duas, essa foi a que mais intrigou os pesquisadores desde os tempos já distantes de Howard Carter.
E qual é a razão? Melhor dizer "razões", no plural. A principal é que a arma parece anacrônica. A adaga, com uma lâmina de dois gumes de ferro grosseiramente polida, é um verdadeiro mistério. O reinado de Tutancâmon durou de 1361 a 1352 a.C. e aconteceu na Dinastia XVIII do Antigo Egito, durante a Idade do Bronze Final. Quando o jovem governava, ainda faltavam muitas décadas para que o uso do material da adaga se popularizasse, graças a uma tecnologia que favoreceu a Idade do Ferro. E isso, obviamente, torna a peça um enigma.
"Tutancâmon reinou antes do período de uso generalizado do ferro conhecido como a Idade do Ferro", explicam os autores de um artigo publicado em 2022 em 'Meteoritics & Planetary Science' sobre a adaga. Em uma entrevista ao El País, um dos pesquisadores, Tomoko Arai, foi além e sugeriu que a origem da faca de Tutancâmon vai além da simples curiosidade ou mesmo do campo da egiptologia: "Afeta diretamente a história amplamente aceita da civilização humana desde a Idade do Bronze até a Idade do Ferro".
Essa é a pergunta-chave. O ferro da adaga de Tutancâmon vem, nada mais nada menos, do espaço. Ao longo dos anos, cientistas analisaram a lâmina de metal da arma, com cerca de 35 centímetros de comprimento, e descobriram que contém 11% de níquel e 0,6% de cobalto, o que indica que o material está relacionado a um meteorito.
O alto teor de níquel foi detectado graças a uma análise com um espectrômetro de fluorescência de raios X realizada há anos por pesquisadores italianos e egípcios. Durante seu estudo, compararam sua composição com meteoritos registrados ao longo da costa do Mar Vermelho no Egito e encontraram níveis similares em uma das amostras, correspondendo ao meteorito Kharga, localizado a cerca de 240 km a oeste de Alexandria, em uma cidade portuária conhecida como Amunia no século IV a.C.
Mas... Como chegou ao faraó? O estudo publicado em 2022 confirma a origem do material da adaga, mas traz um dado crucial: embora se acredite que a Idade do Ferro começou após 1.200 a.C., existem artefatos fabricados antes, durante o período da Idade do Bronze, com ferro meteórico. Sua análise indica especificamente um meteorito octaedrita e que a adaga do faraó foi feita usando uma técnica de forja a baixa temperatura, a menos de 950ºC, o que explicaria seu padrão de Widmanstätten. A peça, no entanto, não é um caso único.
Os cientistas lembram que existem artefatos de ferro pré-históricos, feitos a partir de meteoritos, que datam da Idade do Bronze. Na verdade, a adaga deste tipo mais antiga conhecida foi encontrada em Alacahöyük, na Anatólia, e data da Idade do Bronze Inicial, por volta de 2.300 a.C. "Esta descoberta sugere que a tecnologia para trabalhar com ferro meteórico para criar objetos complexos tem pelo menos 4.300 anos de idade e pode ter sido conhecida na Anatólia", destacam os especialistas. Diferentemente da adaga turca, bastante corroída, a encontrada ao lado de Tutancâmon oferece uma incrível oportunidade de estudo.
Isso explica como chegou a Tutancâmon?
Não completamente. Os especialistas admitem que não há evidência de que durante a XVIII dinastia os egípcios dominassem a tecnologia necessária para fazer adagas com ferro de meteorito. Como então chegou às mãos de Tutancâmon? Como se explica que tenha acabado no túmulo de um faraó do final da Idade do Bronze, onde Carter o encontrou? Graças às análises dos especialistas, temos algumas respostas.
Ao examinar o punho de ouro, identificaram vestígios de gesso, material utilizado para fixar ornamentos. Pode parecer um detalhe menor, mas como o método de envernizamento de cal no Egito não começou até o período ptolemaico (305-30 a.C.), essa pequena pista levou os pesquisadores do Instituto Tecnológico de Chiba a deduzir que a adaga provavelmente veio de Mitanni, na Anatólia.
Por que exatamente de lá? Porque as Cartas de Amarna - correspondência diplomática preservada em tábuas de argila - relatam como o monarca daquele reino presenteou uma adaga de ferro com um punho de ouro para Amenhotep III, avô de Tutancâmon, que provavelmente levou aquele relicário familiar para o túmulo com ele. A equipe de cientistas ainda não concluiu o mistério e, pelo menos em 2022, reconhecia que suas conclusões não eram definitivas, mas certamente lançavam mais luz e davam uma origem bastante plausível a uma das peças do antigo Egito que mais surpreendeu os amantes da história egípcia.
Os meteoritos tinham um valor especial? Essa é uma das possibilidades levantadas pelos especialistas. Em 2016, por exemplo, apontava-se a descoberta de outras peças relevantes, nove contas de ferro enegrecido encontradas em um cemitério próximo ao rio Nilo, no norte do Egito, datadas por volta de 3.200 a.C., muito antes da época de Tutancâmon.
As peças teriam sido extraídas de fragmentos de meteoritos e apresentavam uma liga de níquel e ferro. "Sugerimos que os antigos egípcios atribuíam grande valor ao ferro meteórico para produzir objetos ornamentais ou cerimoniais refinados", explicavam os autores em declarações coletadas pelo The Guardian.

sábado, 6 de janeiro de 2024

O mistério da Pedra de Ingá

Localizada no Brasil, é uma maravilha arqueológica mundial. Tem mais de 6 mil anos e centenas de símbolos estranhos.
Cientistas de todo o mundo tentaram decifrá-la sem sucesso, a única coisa que se conhece é que possui caracteres egípcios, fenícios, sumérios também semelhantes ao rongorongo da Ilha de Páscoa e principalmente símbolos da linguagem nostrática, o mais antigo e raro da humanidade.
Na pedra aparece a constelação de Órion, a via láctea, mensagens de um desastre mundial que virá no futuro, métodos para abrir portas mentais e viajar para mundos dimensionais, fórmulas matemáticas, equações e muitas outras coisas impactantes.
Quem deixou escrito há 6 mil anos tal conhecimento nesta pedra? Como é possível que eles soubessem tudo isso no passado?
A Pedra de Ingá é um monumento arqueológico, identificado como "itacoatiara", constituído por um terreno rochoso que possui inscrições rupestres entalhadas na rocha, localizado no município brasileiro de Ingá no estado da Paraíba.
O termo "itacoatiara" vem da língua tupi: itá ("pedra") e kûatiara ("riscada" ou "pintada"). De acordo com a tradição, quando os indígenas potiguaras, que habitavam a região, foram indagados pelos colonizadores europeus sobre o que significavam os sinais inscritos na rocha, usaram esse termo para se referir aos mesmos.
A formação rochosa em gnaisse cobre uma área de cerca de 250 m². No seu conjunto principal, um paredão vertical de 50 metros de comprimento por 3 metros de altura, e nas áreas adjacentes, há inúmeras inscrições cujos significados ainda são desconhecidos. Neste conjunto estão entalhadas figuras diversas, que sugerem a representação de animais, frutas, humanos e constelações como a de Órion.
O sítio arqueológico fica a 109 km de João Pessoa e a 38 km de Campina Grande. O acesso ao local se dá pela BR 230, onde há uma entrada para a PB 90, na qual após percorrer 4,5 km chega-se ao núcleo urbano de Ingá. Atravessando a avenida principal da cidade, percorrem-se mais 5 km por estrada asfaltada até se chegar ao Sítio Arqueológico da Pedra do Ingá. No local há um prédio de apoio aos visitantes e as instalações de um museu de História Natural, com vários fósseis e utensílios líticos encontrados na região onde hoje fica a cidade.
O sítio arqueológico está numa área, outrora privada, que foi doada ao Governo Federal e posteriormente tombada como Monumento Nacional pelo extinto Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN), a 30 de novembro de 1944.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

RPG e Educação: usando o lúdico em sala

Queria deixar isso aqui que é a iniciativa de um professor que conheci através das redes sociais.
Leandro Silvio Martins, que além de lecionar, usa seu hobby, o RPG para passar conteúdos.
No caso, pelo livro que utiliza pode ser sobre literatura, artes, história ou geografia.

"RPG e educação.
RPG é uma sigla em inglês que quer dizer "Role-Playing Game". Jogo de Representação e Interpretação de personagens.
Bom, acaba não sendo um jogo exatamente, pois não há vencedores nem perdedores, e sim uma história interativa, onde a narrativa é criada por todos que estão participando.
Por excelência podemos afirmar que o RPG é um instrumento didático de ensino/aprendizagem, não é competitivo, mas é empreendedor.
No seu feitio lúdico reside a sua maior capacidade, trazendo para a sala de aula o prazer de estudar e aprender. 
Como ferramenta educacional tem é bem peculiar ,pois é  um extraordinário instrumento em sala de aula onde podemos encontrar presentes a socialização, a cooperação, a criatividade, a interatividade e a interdisciplinaridade, com o estimulo ao raciocínio global, muito importante para os dias de hoje, pois através do jogo, é provável resgatar valores morais e éticos. Funciona, então, como ferramenta para preparar o jovem a interagir na sociedade, tanto profissional quanto socialmente.
Mais uma vez utilizo o RPG como ferramenta didática, utilizando o livro "A bandeira do elefante e da Arara" do Christopher Kastensmidt , com todo um cenário ambientado no Brasil colônia, a aula é transformada em jogo, tornando-a mais aprazível, divertida e bem-sucedida, provocando o aluno a buscar a sua interação com o assunto proposto."