sábado, 30 de março de 2024

Os povos tupinambá

Os povos que falavam a língua tupinambá ocupavam toda a extensão da costa brasileira à época da invasão dos europeus, em 1500. Eram conhecidos por vários nomes, dependendo da região que ocupavam. Potiguaras, da Paraíba ao Ceará; caetés, do norte da Bahia a Pernanmbuco; tupinaés, na região do Rio São Francisco; tupinambás e tupinakis, no Recôncavo Baiano e na Baia de Guanabara; ou tupiniquins, no litoral de São Paulo. Chamados de forma genérica, de "tupis" ou "tupinambás",
representavam uma população expressiva, estimada entre 200 mil e 1 milhão de indígenas, que foi rapidamente dizimada durante o primeiro século de colonização, por guerras e epidemias. Em 1580, o padre José de Anchieta lamentava a morte em massa dos indígenas: "A gente que de vinte anos a esta parte é gastada nesta Baía, parece cousa, que não se pode crer; porque nunca ninguém cuidou, que tanta gente se gastasse nunca, quanto mais em tão pouco tempo."
Foi com os tupinambá que os colonos portugueses tiveram mais contato estreito durante o século XVI - uma língua que tivera de aprender para se entender com os indígenas, conhecer a nova terra e nela poder viver. Desse contato resultou a grande influência da língua tupinambá no vocabulário português do Brasil. Milhares de nomes comuns e nomes de lugares que utilizamos hoje todo o país são palavras que têm essa origem.

sábado, 23 de março de 2024

O uso de múmias, não como história, mas atração

O cadáver mumificado de uma mulher é exibido em um museu entre grades e correntes. Sem identidade conhecida, é apelidado de "A Bruxa" e faz parte de uma coleção que alimenta o debate sobre a exposição de restos humanos no México.
Com blusa de florida, saia cinza rasgada e mechas amarelas, o corpo conservado é exibido ao lado de outros 116 cadáveres naturalmente mumificados na cidade de Guanajuato, centro do país.
Foram exumados entre 1870 e 2004, devido à falta de espaço no cemitério de Santa Paula e, como as autoridades municipais não puderam entrar em contato com seus familiares, foram rotulados como "patrimônio cultural". Hoje, são uma atração turística que gera lucro para a Prefeitura.
"Não sei quem decidiu criar essa cenografia para o corpo, mas há muitos anos tem sido exibido assim", diz à AFP Jesús Borja, diretor de Cultura de Guanajuato, sobre a soturna instalação da múmia feminina.
A placa que acompanha esses restos mortais diz: "Dizem que qualquer pessoa que teve problemas com ela acabou em desgraça; outro mito é que ela vendeu sua alma ao diabo".
As Múmias de Guanajuato estão distribuídas em três museus deste município conhecido por suas espetaculares vielas e extensos túneis, vestígios de um passado mineiro.
A maioria delas é exibida de pé e em urnas de vidro, com pouco espaço entre seus crânios e as luzes das vitrines.
Uma melodia sombria ecoa incessantemente pelos corredores pouco iluminados de um dos museus, localizado no cemitério Santa Paula, com grandes colunas e muros de pedra verde e rosa pastel.
A exposição dos restos humanos tem gerado um debate entre aqueles que os consideram parte do patrimônio cultural da cidade e os que denunciam falta de ética na forma como são exibidos e preservados.
"Pelas fotografias publicadas na mídia, observou-se que (...) um dos corpos (...) registrados pelo INAH em novembro de 2021 apresenta indícios de proliferação de possíveis" fungos, alertou o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).
"É preocupante e estranho que não tenham convocado uma avaliação desses corpos antes de sua transferência", acrescentou a estatal em um comunicado.
A essa múmia foi dado o nome de Edgardo, e em seu torso e pernas podem ser observados pequenos pontos brancos.
No entanto, Borja defende que o transporte foi realizado com o devido cuidado e que as múmias representam um "elo" geracional.
Os museus onde estão expostas geram cerca de 2 milhões de dólares (9,5 milhões de reais na cotação atual) em receitas anuais para o município, com a visita de cerca de 600 mil pessoas, segundo o governo de Guanajuato, que afirma ter solicitado ao INAH uma revisão de todos os restos antes de sua exposição na Cidade do México.
O instituto, porém, insiste em que não estava ciente desse transporte e, apesar disso, está disposto a assessorar seu manejo. 
Por trás da polêmica, surgem também as diferenças políticas entre o governo federal de esquerda e a oposição conservadora que administra o estado de Guanajuato e sua capital.
Os habitantes não são indiferentes ao debate. Ter “um parente em uma exposição seria uma falta de respeito e eu lutaria para que não fosse exibido", declara Luis García, um guia turístico de 50 anos.
Algumas múmias estão tão bem preservadas que é possível ver sua expressão facial. E também há bebês.
"Não me parece degradante (...) Os familiares já não devem existir mais", diz Josefina Lemus, professora aposentada de 69 anos, que não se importaria em ficar exposta se seu corpo fosse mumificado.
As chances de esse processo ocorrer naturalmente aumentam quanto mais desidratado estiver o cadáver, explica o antropólogo físico Ilán Leboreiro, que integra uma comissão criada pelo INAH para investigar a identidade e o estado das múmias.
O objetivo dessa comissão também é voltar a dar dignidade a esses restos mortais, acrescenta Leboreiro, criticando a forma como "A Bruxa" está exposta.
É "lamentável que o objetivo [das autoridades de Guanajuato] seja estimular a morbidez. Não é nada ético tratar os restos de um ser humano dessa maneira", argumenta.

sábado, 16 de março de 2024

Beppu: os "infernos" e suas fontes termais


Um convite inusitado: conhecer uma cidade japonesa que parece ter sido construída em cima da casa do diabo. Lá, vapores quentes saem do solo e das águas. Muitos visitantes procuram Beppu, curiosamente, para relaxar. Acha que é impossível combinar este cenário com tranquilidade? Clique na nossa galeria e descubra um tour que vem conquistando turistas do mundo inteiro...

Diferente de algumas cidades japonesas, Beppu tem uma população bastante jovem, muito em função da Asia Pacific University, que atrai diversos estudantes estrangeiros. O turismo também é forte em Beppu por várias razões.
O Parque dos Macacos de Takasakiyama é bastante visitado por abrigar boa parte dos macacos de neve do Japão.
Mas o que atrai mesmo os turistas para Beppu é algo que pode parecer assustador: os infernos que existem por lá.
Os infernos de Beppu, porém, não têm relação com a ideia de demônios ou sofrimento eterno, pelo contrário.
Acontece que Beppu é a cidade com o maior número de águas termais do Japão. Também é a segunda maior concentração de águas termais do mundo, ficando atrás apenas do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos. Os vapores quentes que saem do solo e das águas dão a Beppu um aspecto infernal. Ao contrário de medo ou tormenta, os turistas buscam os infernos de Beppu para relaxar nas águas termais.
Ao todo são 8 infernos conhecidos também como jigoku. Umi Jigoku significa "mar infernal" e tem profundidade de aproximadamente 200 metros.


Em Umi Jigoku, a coloração das águas é parecida com a dos oceanos. Nos jardins que ficam nos arredores de Umi Jigoku, também é possível apreciar a bela flor de lótus que - na cultura  oriental  - representa pureza espiritual. 


O segundo dos infernos de Beppu se chama Oniishibozu Jigoku, que significa “inferno da cabeça raspada”. A explicação para esse nome é que as bolhas formadas pela lama de cor cinza, lembram cabeças de monges budistas. 


Yama Jigoku é a montanha infernal formada pelas lamas espirradas de um vulcão. As águas de Yama Jigoku podem chegar a uma temperatura de 90 graus.


Kamado Jigoku é também conhecida como panela infernal com suas nascentes de águas quentes. Aqui os turistas podem provar o Jigoku mushi: ovos e vegetais cozidos pelo vapor das águas.


Oniyama Jigoku é um dos infernos de Beppu e significa: "inferno  do monstro da montanha".Melhor tomar cuidado em Oniyama Jigoku! O lugar é moradia de criaturas como cobras e crocodilos.


Shiraike Jigoku é o "inferno da lagoa branca" e remete a um jardim japonês. A temperatura das águas em Shiraike Jigoku pode chegar aos 95 graus.


Tatsumaki Jigoku é considerado tesouro nacional de Beppu. Também conhecido como "jato infernal", já que é um dos únicos gêiseres de Beppu.


O último dos infernos de Beppu se chama Chinoike Jigoku. É considerado o mais antigo dos infernos de Beppu e também conhecido como lagoa de sangue em função da cor avermelhada de suas águas.


Se for a Beppu é possível visitar os infernos fazendo o Jigoku Meguri, um tour completo pelos Jigokus da cidade. 

sábado, 9 de março de 2024

(História da música) Paula Toller - A viúva negra do rock nacional

1981:
Leoni foi o primeiro baixista e um dos fundadores do Kid Abelha. Ele já namorava a Paula, que acabou entrando pra banda e juntos, escrevem grande parte das canções de sucesso. Paula conheceu, naquele ano, Herbert Vianna, do Paralamas do Sucesso.
1984:
Herbert e Paula se beijam, quando ela ainda estava com Leoni. Um dia, Paula liga para Herbert dizendo que Leoni saiu de casa e eles iniciam um relacionamento.
1985: Leoni continua no Kid Abelha, mas ele e Paula disputam a liderança da banda. As coisas ficam cada vez mais tensas entre eles, até que no backstage de uma apresentação, Paula dá uma "pandeirada" na cabeça dele.
Leoni saí do Kid Abelha.
Paula fica a frente da banda e seu então namorado, Herbert, na liderança dos Paralamas. Era preciso maturidade, mas ele diz, que Paula começou a ficar ressentida com o sucesso crescente dos Paralamas do Sucesso, por ser extremamente competitiva.
Eles também escreveram algumas músicas juntas, mas ela pede "um tempo" para Herbert, e logo depois, anuncia um novo amor. Com quem ficou casada. Herbert diz ter sido traído e vai ao fundo do poço. Nesse período, escreve letras muito doloridas.
"Será que você ainda pensa em mim?"

sábado, 2 de março de 2024

Qual o verdadeiro motivo da bandeira nacional, do Brasil, ser desse jeito MESMO?

Muita gente sempre entendeu e entende errado um dos principais símbolos do Brasil. A bandeira nacional por ser verde e amarela. Tanto que ela deveria ser vermelha, se seguisse os conceitos do país. Mas nada tem a ver com comunismo. Vamos por partes.
Para começar o verde da atual bandeira não se deve as matas nacionais, e amarelo não é por conta do ouro daqui. Essa é uma falácia que sempre usaram, mas jamais foi realidade. Ela é assim, como enxergamos desse modo hoje, veio com a Proclamação da República. Na realidade, parece demais com a bandeira do império português. Isso é proposital e está descrito até mesmo no decreto que instituiu ela. Seria para fazer referência as vitórias militares do passado, ou seja, na época do Império Português no Brasil.
Então o motivo da bandeira ser assim, não está na república, mas sim no império.
Sendo parecida com a nossa, ela tinha no seu meio o brasão de armas do império. Sendo criada pelo artista Jean Baptiste Debret, a pedido de rei João VI, antes mesmo da Independência do Brasil. E até parece com aquilo que muitos professores falavam na escola, tempos atrás: seria o verde da primavera, o amarelo do ouro. Porém, coincidentemente, esse verde é o mesmo verde da casa real de Bragança. Que é do Dom João VI, Dom Pedro I, Dom Pedro II e a família toda deles. Enquanto amarelo é a mesma cor da casa real dos Habsburgo, da Carlota Joaquina, mulher do Dom João. E também da nora dele, Leopoldina.
Então já sabemos que essas cores tem mais relação com a família real do que com o Brasil em si.
O próprio "Ordem e Progresso" é um lema positivista. O texto inteiro é "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim" de Auguste Comte. A parte do amor foi cortada da mensagem final. 
Boa parte do pessoal positivista da época, acreditava que pra existir uma boa organização governamental, precisava de um governo forte e ditadorial. Não usavam essas expressões, mas a ideia era a mesma. Para manter a ordem, seria necessário a força para alcançar um determinado tipo de progresso.
Ironicamente, o uso da bandeira tem sido tomado e reforçado por grupos com ideologias de ditadores, muito parecido com essas. Vide Getúlio Vargas, os presidentes dos Anos de Chumbo e Jair Messias Bolsonaro.
Então, no caso, estaria mais correto ela ser vermelha. Pois a palavra Brasil, vem do pau-brasil. Pois no caso, a palavra "brasil" vem de outra palavra, "brasa". Pois qual a cor extraída dessa madeira? Escarlate, rubro, ou melhor, vermelho.