domingo, 19 de outubro de 2025

Explicando o anarco sindicalismo

Quando o general Franco tentou dar um golpe fascista na Espanha, os trabalhadores e camponeses, especialmente nas regiões da Catalunha e Aragão, se organizaram por conta próprias para resistir. A principal força por trás dessa organização era a CNT, a Confederação Nacional do Trabalho, um sindicato anarco-sindicalista. Eles não só pegaram em armas para lutar contra os fascistas, mas também aproveitaram o movimento para colocar em prática suas ideias revolucionárias.
Com o colapso de controle estatal em várias regiões, os trabalhadores simplesmente tomaram o controle direto das fábricas, oficinas, transportes, hospitais, escolas e até cinemas. Sem pedir permissão a governo algum, eles passaram a administrar tudo por meio de assembleias e conselhos eleitos, onde cada trabalhador tinha voz e voto. As decisões não vinham de cima para baixo, mas eram construídas coletivamente. Não havia chefes, patrões, nem gerentes, pois todos trabalhavam e decidiam juntos. Na cidade de Barcelona, por exemplo, boa parte da indústria foi socializada. O sistema de bondes urbanos continuou funcionando.
Numa sociedade anarco-sindicalista, as empresas e serviços seriam controlados coletivamente por quem trabalha neles. As decisões seriam tomadas em assembleias democráticas, e os sindicatos se conectariam em redes e federações horizontais, sem hierarquia. A ideia é que o sindicato não seja só o instrumento de luta, mas também a base da nova organização social onde não existam patrões, nem chefes, nem governantes, mas uma sociedade livre organizada pelos próprios trabalhadores.
Um exemplo histórico disso, como dito antes, aconteceu na Revolução Espanhola, em 1936, quando trabalhadores da CNT (um sindicato anarco-sindicalista) passaram a autogerir fábricas, fazendas e cidades inteiras, sem patrões, nem governo, durante um breve período. Essa experiência é vista pelos anarco-sindicalistas como a prova de que é possível criar uma sociedade mais justa, organizada de forma libertária.
Nas zonas rurais, principalmente em Aragão, milhares camponeses se uniram em coletivos agrícolas. A terra que antes era concentrada nas mãos de poucos latifundiários, foi dividida entre igualmente entre quem realmente a cultivava. Em alguns desses coletivos, o dinheiro foi até abolido, por que cada um contribuía com o que podia e recebia o que precisava, com base na solidariedade. 
Foi um momento raro na história onde as ideias anarquistas deixaram de ser teoria e virarem prática cotidiana, com um nível altíssimo de participação popular e autogestão. 
Claro, tudo isso enfrentou muitos obstáculos. Além da guerra contra os fascistas, os anarco-sindicalistas também tiveram de lidar com tensões com outros grupos de esquerda, como comunistas autoritários que queriam restaurar o controle estatal. E no fim, infelizmente, a revolução foi esmagada com a vitória de Franco e a repressão brutal que veio depois. 
Mas mesmo assim, a experiência da Revolução Espanhola mostrou que o anarco-sindicalismo não é só um ideal distante. Ele já aconteceu e provou que uma sociedade organizada de forma livre, solidária e sem hierarquias é possível, mesmo em tempos de guerra.
Assim como outras formas de anarquismo, o anarco-sindicalismo, visa acabar com o Estado, o capitalismo e as hierarquias. 

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